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CARACTERÍSTICAS DO DUKORAL – VACINA CONTRA A CÓLERA

Abril 2, 2019

NOME DO MEDICAMENTO

Dukoral suspensão e granulado efervescente para suspensão oral

Vacina contra a cólera (oral, inativada)

COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA

Cada dose de suspensão da vacina (3 ml) contém:

− Um total de 1,25×1011 bactérias das seguintes estirpes inactivadas:

Vibrio cholerae O1 Inaba, biotipo clássico e biotipo El Tor, e Vibrio cholerae O1 Ogawa, biotipo clássico,

− Subunidade B da toxina da cólera recombinante (rCTB) 1 mg (produzida em V. cholerae O1 Inaba, biotipo clássico estirpe 213.)

Excipientes:

2,0 mg de fosfato monossódico di-hidratado, 9,4 mg de fosfato de sódio dibásico di-hidratado, 26 mg de cloreto de sódio, 3600 mg de bicarbonato de sódio, 400 mg de carbonato de sódio anidro, 30 mg de sacarina sódica, 6 mg de citrato de sódio. Uma dose contém aproximadamente 1,1 g de sódio. Outros excipientes.

FORMA FARMACÊUTICA

Suspensão e granulado efervescente para suspensão oral.

A suspensão, acondicionada num frasco, é esbranquiçada. O granulado efervescente, acondicionado numa saqueta, é branco. 

INFORMAÇÕES CLÍNICAS

Indicações terapêuticas

Dukoral é indicado para a imunização activa contra a doença provocada pelo Vibrio cholerae serogrupo O1 em adultos e crianças a partir dos 2 anos de idade que visitam áreas endémicas/ epidémicas.

Dukoral não deve substituir as medidas protetoras padrão. No caso de diarreia, devem ser instituídas medidas de reidratação.

Posologia e modo de administração

Posologia

Programa de vacinação primária

O curso primário padrão da vacinação com Dukoral contra a cólera é constituído por 2 doses para o adulto e criança a partir dos 6 anos de idade. As crianças entre os 2 e os 6 anos de idade devem receber 3 doses. As doses devem ser administradas a intervalos mínimos de uma semana. Caso decorram mais de 6 semanas entre as doses, o curso de imunização primária deve ser reiniciado. A imunização deve ser concluída pelo menos 1 semana antes da possível exposição a V. cholerae O1.

Dose de reforço

Para uma proteção mantida contra a cólera, recomenda-se uma dose única de reforço em 2 anos para o adulto e criança a partir dos 6 anos de idade, e no prazo de 6 meses para a criança entre os 2 e 6 anos de idade. Os dados imunológicos e sobre a duração da proteção sugerem que se tiverem decorrido menos de 2 anos depois da última vacinação para adultos e até 6 meses para crianças entre os 2 e os 6 anos se deve administrar uma dose de reforço. Se tiverem decorrido mais de 2 anos desde a última vacinação (mais de 6 meses para crianças entre os 2 e os 6 anos), o curso primário deve ser repetido.

Crianças com menos de 2 anos de idade

Em ensaios de segurança e imunogenicidade, procedeu-se à administração de Dukoral em crianças entre 1 e 2 anos de idade, mas a sua eficácia protetora não se encontra estudada neste grupo etário. Por conseguinte, a utilização de Dukoral não é recomendada em crianças com menos de 2 anos de idade.

Idosos

Apenas existem dados muito limitados sobre a eficácia protetora da vacina em indivíduos com 65 ou mais anos de idade.

Modo de administração

A vacina é administrada por via oral. Antes da ingestão, a suspensão deve ser misturada com uma solução tampão (bicarbonato de sódio). O bicarbonato de sódio é fornecido sob a forma de granulado efervescente que deve ser dissolvido num copo de água fria (aproximadamente 150 ml). Pode ser utilizada água clorada. A suspensão da vacina deve ser depois misturada com a solução tampão e bebida no prazo de 2 horas. Deve evitar-se a ingestão de sólidos e líquidos 1 hora antes e 1 hora depois da vacinação. A administração oral de outros fármacos deve ser evitada durante 1 hora antes e 1 hora depois da administração de Dukoral.

Crianças entre os 2 e os 6 anos de idade: metade da solução tampão deve ser rejeitada, e a parte restante (aproximadamente 75 ml) é misturada com a totalidade do conteúdo do frasco da vacina. 

Contraindicações

Hipersensibilidade às substâncias activas, a qualquer um dos excipientes mencionados ou ao formaldeído.

A administração de Dukoral deve ser adiada em indivíduos apresentando doença gastrointestinal aguda ou doença febril aguda. 

Advertências e precauções especiais de utilização

Dukoral confere proteção específica contra o Vibrio cholerae do serogrupo O1. A imunização não protege contra V. cholerae do serogrupo O139 nem contra outras espécies de Vibrio.

Em indivíduos infectados pelo VIH, os dados disponíveis relativamente à imunogenicidade e segurança da vacina são limitados. A eficácia protetora da vacina não se encontra estudada. A imunização de indivíduos infetados pelo VIH pode induzir aumentos transitórios da carga viral. Dukoral pode não induzir níveis protetores de anticorpos em indivíduos com doença avançada pelo VIH. No entanto, um estudo de eficácia, realizado numa população com elevada prevalência de VIH, revelou uma proteção similar à observada noutras populações.

A vacina não confere uma proteção completa, sendo importante cumprir adicionalmente medidas protetoras padrão para evitar a cólera. 

Interações medicamentosas e outras formas de interação

A vacina é lábil aos ácidos. A ingestão de líquidos e/ou sólidos aumenta a produção de ácido no estômago e pode reduzir os efeitos da vacina. Por conseguinte, deve evitar-se a ingestão de sólidos e líquidos 1 hora antes e 1 hora depois da administração de Dukoral.

Deve evitar-se a administração de outras vacinas e medicamentos por via oral 1 hora antes e 1 hora depois da vacinação.

Fertilidade, gravidez e aleitamento

Não existem dados disponíveis de estudos em animais no que respeita à toxicidade reprodutiva. Depois de uma cuidadosa análise da relação benefícios/riscos, a vacina pode ser administrada durante a gravidez e amamentação, embora não se tenha efetuado qualquer ensaio clínico específico para avaliar este aspecto.

Efeitos indesejáveis

Reações adversas nos ensaios clínicos

A segurança de Dukoral foi avaliada em ensaios clínicos, incluindo adultos e crianças a partir dos 2 anos de idade e efectuados em países endémicos e não endémicos para a cólera e Escherichia coli enterotoxigénica (ETEC) produtora de enterotoxina lábil ao calor (LT).

Durante os ensaios clínicos foram administradas mais de 94.000 doses de Dukoral. As reações adversas notificadas com maior frequência, tais como sintomas gastrointestinais incluindo dor abdominal, diarreia, perda de consistência das fezes, náusea e vómitos, ocorrem com frequências semelhantes nos grupos de vacina e placebo.

Classificação de frequência: muito frequentes (≥1/10); frequentes (≥1/100, <1/10); pouco frequentes (≥1/1.000, <1/100); raros (≥1/10.000, <1/1.000); muito raros (<1/10.000), desconhecido (não pode ser calculado a partir dos dados disponíveis).

Os efeitos indesejáveis são apresentados por ordem decrescente de gravidade dentro de cada classe de frequência.

Doenças do metabolismo e da nutrição – Raros: Perda / diminuição do apetite; Muito raros: Desidratação.

Doenças do sistema nervoso – Pouco frequente: Cefaleias; Raros: Tonturas; Muito raros: Sonolência, insónias, desmaios, redução do paladar.

Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino – Raros: Sintomas respiratórios (incluindo rinite e tosse).

Doenças gastrointestinais – Pouco frequentes: Diarreia, cólicas abdominais, dor abdominal, aumento dos ruídos gástricos/ abdominais (gases), desconforto abdominal; Raros: Vómitos, náuseas; Muito raros: Odinofagia, dispepsia.

Afeções dos tecidos cutâneos e subcutâneos – Muito raros: Sudação, exantema.

Afeções musculosqueléticas e dos tecidos conjuntivos – Muito raros: Dores articulares

Perturbações gerais e alterações no local de administração – Raros: Febre, mal-estar geral; Muito raros: Fadiga, calafrios.

Reações adversas na vigilância pós-comercialização

Em baixo, enumeram-se as reações adversas adicionais, notificadas durante a vigilância pós comercialização.

  • Infeções e infestações: Gastroenterite
  • Doenças do sangue e do sistema linfático: Linfadenite
  • Doenças do sistema nervoso: Parestesias
  • Vasculopatias: Hipertensão arterial
  • Doenças respiratórias, torácicas e do mediastino: Dispneia, aumento da expetoração
  • Doenças gastrointestinais: Flatulência
  • Afeções dos tecidos cutâneos e subcutâneos: Urticária, angioedema, prurido
  • Perturbações gerais e alterações no local de administração: Dor, síndrome gripal, astenia, calafrios

Sobredosagem

Os dados referentes à sobredosagem são limitados. As reações adversas notificadas são consistentes com as observadas depois da administração recomendada. 

PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS

Propriedades farmacodinâmicas

Grupo fármaco terapêutico: Vacinas bacterianas, código ATC:J07AE01

Mecanismo de ação

A vacina contém bactérias V. cholerae O1 totais mortas e a subunidade B recombinante não tóxica da toxina da cólera (CTB). Estão incluídas na vacina estirpes bacterianas dos serotipos Inaba e Ogawa e dos biótipos El Tor e Clássico. Dukoral é administrado por via oral com tampão de bicarbonato, que protege os antigénios contra o ácido gástrico. A vacina actua induzindo a formação de anticorpos contra os componentes bacterianos e CTB. Os anticorpos antibacterianos intestinais impedem que a bactéria se fixe à parede intestinal, impedindo consequentemente a colonização de V. cholerae O1. Os anticorpos intestinais antitoxina impedem que a toxina da cólera se fixe à superfície da mucosa intestinal, prevenindo consequentemente os sintomas diarreicos mediados pela toxina.

A toxina lábil ao calor (LT) da E. coli enterotoxigénica (ETEC) é estrutural, funcional e imunologicamente semelhante a CTB. As duas toxinas apresentam uma reação cruzada do ponto de vista imunológico.

Eficácia contra a cólera

Eficácia de proteção contra cólera foi avaliada durante duas campanhas de vacinação em massa, realizadas em Moçambique (dezembro de 2003 – janeiro de 2004) e em Zanzibar (fevereiro de 2009 – maio de 2010). No estudo de controlo do caso, realizado durante a campanha de vacinação em massa em Moçambique, a eficácia de proteção de 2 doses de Dukoral foi 84% (IC a 95%: 43, 95; análise por protocolo; p = 0,005) para os 5 meses iniciais do seguimento.

PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE CONSERVAÇÃO

Conservar no frigorífico (2ºC – 8ºC).

Não congelar.

Este medicamento mantém-se estável a temperaturas até 25°C durante um período de 14 dias, se conservado na embalagem exterior, com frasco e saqueta selados. No fim deste período, o medicamento deve ser utilizado ou eliminado.

 

Referência:

Tradução e resumo do artigo: European Medicines Agency/ Science Medicines Health; Relatório Público Europeu de Avaliação (EPAR) relativo ao Dukoral, 2014.  https://www.ema.europa.eu/en/documents/product-information/dukoral-epar-product-information_en.pdf

 

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