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HIGIENE DAS MÃOS

Maio 14, 2019

DEFINIÇÕES

A prática da higiene das mãos inclui a lavagem das mãos, o uso da preparação alcoólica para friccionar as mãos e a lavagem cirúrgica das mãos, e tem a finalidade de prevenir as infecções transmitidas pelas mãos ao remover a sujidade e inibir ou matar os microrganismos presentes na pele. Estes incluem não só a maioria dos organismos adquiridos através do contacto com os doentes e com o ambiente (flora transitória), mas também alguns microrganismos permanentes que vivem nas camadas mais profundas da pele (flora residente).

A higiene das mãos inclui os cuidados com as mãos, com as unhas e com pele. A prática da higiene das mãos reduz significativamente o número de doenças causadas por microrganismos presentes nas mãos, assim como pode minimizar a contaminação cruzada (ex. de pessoa para pessoa ou de um objecto contaminado para uma pessoa). Ajuda a manter um ambiente livre de infecções. A lavagem inadequada das mãos é considerada a maior causa de infecções associadas aos cuidados de saúde (IACS) (WHO 2006).

QUANDO REALIZAR A HIGIENE DAS MÃOS?

A higiene das mãos deve ser realizada antes de:

  • Prestar cuidados a um doente/utente (contacto directo);
  • Calçar luvas cirúrgicas antes dos procedimentos invasivos ou procedimentos cirúrgicos; ou calçar luvas de exame para procedimentos de rotina, tais como o exame pélvico;
  • Contactos com o mesmo doente ou realização de procedimentos invasivos que incluam tocar em outras partes do corpo do mesmo doente (ex. cuidados bucais, canalização de veias, avaliação ou cuidados de feridas);
  • Servir ou ingerir alimentos.

Deve ainda ser realizada depois de:

  • Qualquer situação onde as mãos possam ficar contaminadas, tais como:
  • Manipulação de instrumentos e outros objectos sujos;
  • Contacto com membranas mucosas, sangue ou outros fluidos corporais (secreções ou excreções);
  • Ter qualquer contacto com objectos do ambiente do doente (leito/cama, mesa de cabeceira, cadeira, todo o equipamento ou mobiliário);
  • Ter contacto prolongado ou intenso com um doente.
  • Remover as luvas, as luvas podem apresentar pequenos orifícios que facilitam a penetração e multiplicação de bactérias nas mãos devido ao ambiente húmido e quente;
  • Usar a casa de banho;
  • Depois de assoar ou cobrir a boca durante a tosse ou espirro (etiqueta da tosse).

Figura 1: Os Cinco Momentos para a Higiene das Mãos

Adaptado de: WHO Guidelines on Hand Hygiene in Health Care 2009.

  QUANDO E PORQUÊ? 

 

PROCEDIMENTOS PARA A HIGIENE DAS MÃOS

LAVAGEM DAS MÃOS COM ÁGUA E SABÃO:

Os passos para a lavagem das mãos com água e sabão, são:

  • Molhe bem as mãos.
  • Aplique o agente para lavagem das mãos (sabão ou detergente simples).
  • Esfregue vigorosamente todas as partes das mãos e dedos durante 10-15 segundos, prestando especial atenção às unhas e ao espaço interdigital.
  • Enxague bem as mãos com água corrente limpa.
  • Seque as mãos com uma toalha de papel ou uma toalha individual limpa, ou deixe-as secar ao ar livre.
  • Para se evitar recontaminação das mãos pós-lavagem, quando não houver um pedal ou um fecho automático da torneira, use a toalha de papel ou a toalha individual que usamos para secar as mãos para fechar a torneira.

Lembre-se:

  • Se a água da torneira estiver contaminada, use água previamente fervida durante 10 minutos e filtrada (quando necessário) para remover partículas ou use água clorada – com uma concentração final de 0,001%.

 NOTA:

  • Quando se utilizar sabão em barra deve-se fornecer barras pequenas e saboneteiras com escoadouro, garantindo que o sabão permaneça o mais seco possível.
  • Use água corrente e evite mergulhar as mãos numa bacia contendo água parada; os microrganismos conseguem sobreviver e multiplicar-se mesmo com a adição de um agente antisséptico.
  • Não se deve acrescentar sabão num recipiente de sabão líquido vazio. Esta prática de se “voltar a encher” os economizadores pode levar à contaminação do sabão com bactérias.
  • Quando os doseadores de sabão forem reutilizados, devem ser cuidadosamente limpos antes de se voltar a encher.
  • Caso não exista um sistema de escoamento disponível, a água utilizada para a lavagem das mãos deve ser recolhida para uma bacia e despejada numa sanita.

SECAGEM DAS MÃOS

Secar as mãos depois de as lavar é um aspecto importante da higiene das mãos. A forma mais eficaz de secar as mãos é usar toalhas de papel ou uma toalha de pano de uso individual porque evitam que o pessoal termine de secar as mãos no vestuário. O uso de secadores mecânicos com ar quente que exigem que se esfregue as mãos uma contra a outra para facilitar a secagem é contraproducente e caro. O acto de esfregar as mãos traz à superfície as bactérias que vivem dentro da pele e elas podem ser depois transferidas para outras superfícies (Snelling et al., 2010).

 NOTA: O uso de toalhas comuns que estão geralmente sujas e com microrganismos, podem contaminar as mãos devidamente lavadas

  • Deve-se evitar o uso de toalhas de uso comum, recomenda-se, caso não estejam disponíveis toalhas de papel, o uso de uma pequena toalha de pano individual que seja substituída depois de utilizada ou, que seja lavada todos os dias ou com maior frequência, e sempre que estiver húmida ou visivelmente suja;
  • As mãos devem ser SEMPRE lavadas com água e sabão quando estiverem visivelmente sujas ou quando se suspeite da presença de Clostridium difficile. A preparação alcoólica não é suficiente para matar ou inactivar os Clostridium difficile (Oughton et al., 2009).

 Figura 2: Técnica de Higiene das Mãos com Água e Sabão

Fonte: WHO, 2009

Video 1: Técnica de Higienização das Mãos com Água e Sabão

 

FRICÇÃO DAS MÃOS COM PREPARAÇÃO ALCOÓLICA

A anti-sepsia das mãos é usada para remover sujidades e reduzir a flora transitória e a flora residente presentes nas mãos.

  • A técnica é similar à lavagem simples, à excepção do facto de envolver o uso de um agente anti-microbiano, em vez de sabão ou detergente comum.

Realize a anti-sepsia das mãos ANTES de:

  • Examinar ou prestar cuidados a doentes altamente susceptíveis (ex. bebés prematuros, idosos doentes ou pessoas em estado avançado do SIDA);
  • Realizar um procedimento invasivo tal como a colocação de um dispositivo endovenoso; e
  • Sair do quarto de doentes sob Precauções de Contacto (ex. doentes com gripe, Hepatite A ou E, ou que tenham infeções multi-droga resistentes (ex. Staphylococcus aureus resistente a meticilina).

A anti-sepsia das mãos deve ser realizada utilizando um sabão com antisséptico como a clorexidina ou iodo povidona. Alternativamente, se as mãos não estiverem visivelmente sujas, pode-se usar o preparação alcoólica para friccionar as mãos. Os produtos a base de álcool são mais eficazes em matar a flora transitória e a flora residente do que os sabões com anti-sépticos, sabões líquidos ou em gel, ou o sabão simples e água. Além disso, o seu uso é mais rápido e mais fácil e oferece uma maior redução inicial da flora presente nas mãos, desde que as mãos não estejam visivelmente sujas. No entanto, as soluções para a higiene das mãos que só contenham álcool como ingrediente activo têm um efeito residual limitado (isto é, capacidade de prevenir o crescimento de bactérias após o uso) relativamente àquelas que contêm álcool mais um agente anti-séptico, tal como o gluconato de clorexidina.

Figura 3: Eficâcia da Produtos na Higienização das Mãos

As preparações alcoólicas para a higiene das mãos contêm uma pequena quantidade de um emoliente que protege e amacia a pele, porque repõem os óleos e outras substâncias removidas nas repetidas lavagens com detergentes (com ou sem agente anti-séptico) e água. Para reduzir a “acumulação” do emoliente nas mãos pelo uso repetido da preparação alcoólica, lave as mãos com água e sabão de 5 em 5 ou de 10 em 10 aplicações.

Técnica para a higiene das mãos por fricção com preparação alcoólica:

  • Aplique preparação alcoólica suficiente para cobrir toda a superfície das mãos e dos dedos (cerca de uma colher de chá ou 5cc).
  • Esfregue vigorosamente a preparação nas mãos (cobrindo os polegares, as palmas e as costas das mãos, a incluir os espaços interdigitais, as pontas dos dedos e por baixo das unhas) até que as mãos estejam bem secas.

 NOTA: Pode-se criar pequenas quantidades de preparação alcoólica não aquosa e não irritante ao acrescentar glicerina ou sorbital ao álcool (2 ml em 100 ml de solução de álcool etílico ou isopropílico a 60-90%)

Figura 4: Como Usar Álcool Glicerinado para Friccionar as Mãos

Fonte: WHO, 2009.

Video 2: Técnica de Higienização das Mãos com Álcool Gel

 

COMO MELHORAR AS PRÁTICAS DE HIGIENE DAS MÃOS

  • Certifique-se da disponibilidade de água limpa, de sabão líquido e de antisépticos, incluindo a preparação alcoólica;
  • Sensibilize todos os trabalhadores de saúde sobre a importância de melhorar as práticas de higiene das mãos, incluindo:
  • Disseminação das práticas actuais para higiene das mãos;
  • Envolvimento de todas as pessoas da unidade sanitária;
  • Uso de técnicas educativas, incluindo monitoria, retro-informação positiva, “cartazes” educativos afixados nas paredes e envolvimento dos doentes/utentes na monitoria do cumprimento.

Referências:

  • MISAU/DNAM; Manual de Referência – Prevenção e Controlo de Infecções nas Unidades Sanitárias. Maputo, Moçambique. 2014.
  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA); Medidas de Precaução para Prevenção e Controle de Infecções Relacionada à Assistência à Saúde. Brasilia, Brasil. (Video)
  • Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Técnica de Higienização das Mãos com Álcool Gel. São Paulo. Brasil (Video)

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  • http://localhost/2019/05/prevencao-e-controlo-das-infeccoes-associadas-aos-cuidados-de-saude/

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